Estudo aponta que medicina
privada tem aumentado seu apoio a candidatos e partidos; muitos de seus
interesses já foram contemplados.
Por Patrícia Benvenuti, no Brasil de
Fato
(Título original: “Planos de saúde doaram R$ 12
milhões nas últimas eleições“)
Em: http://ponto.outraspalavras.net/2012/07/27/planos-de-saude-campanhas-eleitorais/
Em: http://ponto.outraspalavras.net/2012/07/27/planos-de-saude-campanhas-eleitorais/
Os planos de saúde marcaram presença no
financiamento de campanhas da última disputa eleitoral. Em 2010, o setor foi
responsável pela doação de R$ 12 milhões para 157 candidatos de 19 partidos.
A participação das operadoras em 2010 foi mais
expressiva do que nas eleições de 2006, quando as empresas do setor repassaram
R$ 8,6 milhões; um acréscimo de 37,2%. Em relação às eleições de 2002, quando
essas empresas destinaram R$ 1,3 milhão, o aumento foi de 746,5%.
Os dados
fazem parte do estudo Representação política e interesses particulares na
saúde: o caso do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas de planos
de saúde no Brasil, dos pesquisadores Mário Scheffer, do Departamento de
Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(USP), e Lígia Bahia, do Laboratório de Economia Política da Saúde da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os eleitos
De
acordo com o levantamento, feito a partir de dados do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), o gasto ajudou as empresas do setor a ampliarem seu espaço
político em todas as esferas de governo. O apoio financeiro de 48 operadoras
contribuiu para aumentar de 28 para 38 o número de deputados federais da
chamada bancada da saúde suplementar. Foram eleitos também 26 deputados
estaduais aliados ao setor em todo o país.
No Senado, os recursos ajudaram a eleger Ana
Amélia (PP-RS), Lúcia Vânia (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO), que teve o
mandato cassado recentemente. Quatro governadores estaduais também foram
eleitos com a ajuda dos planos de saúde. Os mais favorecidos foram Geraldo
Alckmin (PSDB-SP), R$ 400 mil, e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), R$ 170 mil. Em
seguida aparecem Wilson Martins (PSB-PI) e Agnelo Queiroz (PT-DF), favorecidos com
R$ 1,5 mil e R$ 1 mil.
O estudo pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.cebes.org.br/media/Files/Planos_de_saude_Eleicoes.pdf
Os
dois principais candidatos à presidência da República também receberam
financiamento do setor. A Qualicorp Corretora de Seguros doou R$ 1 milhão para
a campanha da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) e a metade deste valor, R$
500 mil, para a campanha do candidato José Serra (PSDB). O atual presidente da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula e fiscaliza os planos,
Mauricio Ceschin, foi presidente do Grupo Qualicorp até fevereiro de 2009.
Dentre
os partidos, a maior fatia de recursos para candidatos (eleitos ou não) foi
para o PMDB, com 28,94% dos recursos, seguido de PSDB (18,16%) e PT (14,05%).
O estudo
chama a atenção, ainda, para casos concretos de interesses de planos de saúde
que já foram contemplados dentro das Casas legislativas. E dá um exemplo
recente. Em 2010, a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou lei que destina
até 25% dos leitos de hospitais públicos administrados por Organizações Sociais
de Saúde (OSS) para o atendimento de usuários de planos de saúde.
Posteriormente, a medida foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJ-SP), atendendo a ação civil pública proposta pelo Ministério Público
Estadual.O estudo pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.cebes.org.br/media/Files/Planos_de_saude_Eleicoes.pdf