segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

FELIZ RECOMEÇO - 2010



Que os solos por onde passarmos sejam tão firmes quanto a areia da praia, para sentirmos o sabor da água tocando e refrescando nossos pés, em um movimento incessante de renovação... Esse é o sentido que eu desejo pra vida de tod@s!!!

domingo, 29 de novembro de 2009

ATO MÉDICO: O QUE ESTÁ POR TRÁS DISSO!?



Muitas manifestações contra e a favor do projeto de lei 7. 703/2006, mais conhecidocomo "ato médico", estão sendo maciçamente divulgadas nos diversos meios de comunicação, mas poucos têm falado sobre a essência desse projeto: trata-se, na realidade, da regulamentação do mercado de saúde, e não da regulamentação da medicina, como querem fazer crer.

Segundo os defensores desse projeto de lei, há a necessidade de regulamentar a profissão, que seria a única dentre as demais da área que não está devidamente regulamentada. Será? A medicina foi uma das primeiras profissões a serem regulamentadas no Brasil, já em 1808, com o decreto imperial quefundou a primeira escola de medicina no país e que, a partir daquele momento, estabeleceu também as diretrizes dessa profissão. Em 1826, regulamentou-se a exclusividade de licenciatura às escolas de medicina. Em 1830, foi fundada a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, que, entre as várias incumbências, estabelecia as normas para o exercício da medicina.

Nos anos que se seguiram, foram editados vários outros decretos e leis, até que, em 13 de setembro de 1945, editou-se o decreto-lei 7.955 (posteriormente substituído pela lei 3. 268, de1957), que criou os conselhos federal e regionais de medicina.

Portanto, fica evidenciado que a profissão de médico há muito é regulamentada, já que o pré-requisito básico para a criação de um conselho profissional é a existência legal daquela profissão.

Então, por que regulamentar algo que já é regulamentado? A resposta para essa pergunta encontra-se na resolução 1.627/2001 do Conselho Federal de Medicina, que explicita os verdadeiros motivos da tão empenhada luta pela regulamentação da profissão: "considerando que o campo de trabalho médico se tornou muito concorrido por agentes de outras profissões (...); considerando que, quando do início da vigência da lei 3.268/57, existiam praticamente só cinco profissões que compartilhavam o campo e o mercado dos serviços de saúde (...)".

As frases compiladas da resolução 1.627/2001 do CFM, que deu origem ao projeto de lei do ato médico, falam por si só. É da preservação do campo de trabalho médico e do mercado de saúde que trata o projeto 7.703/2006. Temos lido e ouvido discursos nobres pela qualidade da saúde pública e da assistência de saúde à população.

Todas as profissões de saúde buscam por isso, mas sem reserva de mercado e dentro de suas competências. Uma vez que o projeto estabelece que o acesso aos serviços de saúde oferecidos pelas diversas profissões só poderá acontecer após uma consulta médica (é o que diz as linhas e entrelinhas do projeto de lei), os custos financeiros e sociais se elevarão de maneira geométrica.

Haverá uma pressão enorme pela elevação da remuneração médica. Planos de saúde repassarão aos usuários as novas despesas, encarecendo suas mensalidades. As consultas particulares sofrerão aumentos, pois, como qualquer outro serviço ou produto, os serviços médicos não escapam das leis de mercado.

Já a saúde pública, que, apesar de continuar trôpega, melhora seus índices a cada ano, sofrerá um golpe mortal, pois grande parte das políticas públicas interdisciplinares elaboradas nos últimos anos pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde será destruída se esse projeto de lei for aprovado no Senado.

A assistência de saúde ficará refém daquele tipo de corporativismo que não mede esforços para fazer prevalecer seus ideais. Será que devemos desconsiderar a evolução técnica e científica que as profissões da saúde conquistaram em todos esses anos? Será que devemos esquecer sua contribuição para o desenvolvimento da assistência da saúde no país em benefício de uma única profissão?

Devemos lutar para que esse projeto de lei seja modificado em alguns aspectos, visando à preservação da autonomia das profissões de saúde. Não sendo possível sua modificação, que seja rejeitado pelo Senado Federal, pois sua aprovação, da maneira em que se está, trará prejuízos aos profissionais da saúde, para a população de menor poder aquisitivo e para aqueles que dependem da assistência pública de saúde.


Alceu Eduardo Indalencio Furtado: fisioterapeuta, é secretário-geral da Associação de Fisioterapeutas Acupunturistas do Brasil e diretor regional do Sindicato Catarinense de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

(Fonte: Folha de S. Paulo, 24/11/2009)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ATÉ QUANDO ESPERAR!? ATÉ QUANDO OS CALHORDAS QUISEREM!?

Foto: Imagem do enforcamento de Vladimir Herzog, jornalista da TV Cultura, em sela do DOI-CODI de São Paulo. (1975)

Segundo dados oficiais, existem mais de cem brasileiros que ainda estão desaparecidos desde o fim do regime militar (1964-1985), além de vários outros mortos e torturados. Você conhece alguém que ainda não está na lista dos oficialmente considerados desaparecidos?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

CAMPANHA FAVELA É CIDADE


Se somos todos iguais, porque não somos todos uma cidade? Ajude o Fórum da Cidadania a colocar nas ruas esta campanha para denunciar o preconceito contra os moradores de favelas.

"Só porque moro na favela, sou tratado como bandido."
"Pra conseguir emprego não posso dizer que moro na favela."
"No asfalto a polícia usa mandado. Na favela, mete o pé na porta."

Visite o site do Pacto pela Cidadania (http://www.pactopelacidadania.org.br) e saiba mais sobre a pesquisa de percepção que trouxe à tona pensamentos como esses.

Leia também sobre a importância do PAC/Favelas e vote na enquete: Quem deveria acompanhar a implementação do PAC/Favelas?

Use o banner em suas mensagens de e-mail, blog e websites e ajude a aumentar o debate e a reflexão em toda a cidade!


Fonte: CEBES (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde - http://www.cebes.org.br)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

OURO DE TOLO


"(...)
Ah, Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Ah
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
(...)
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar (...)"

sábado, 29 de agosto de 2009

Abaixo Assinado - Gastão Wagner de Sousa Campos - I

Apoio a Gastão Wagner

Em Campinas (3/6), 250 pessoas compareceram ao ato público em defesa de Gastão Wagner, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), arrolado injustamente em processos civis e criminais pela aquisição de materiais permanentes quando secretário-executivo do Ministério da Saúde (MS), por meio de convênios celebrados com entidades de saúde, cujos recursos estavam atrelados a emendas parlamentares e repassados regular e legalmente pelo MS, mas executados ilicitamente pelas entidades receptoras. "Foi um momento de grande emoção pois, além das pessoas presentes ao ato, centenas de mensagens de apoio foram encaminhadas ao Gastão e aplaudidas publicamente", informa o sanitarista Gilson Carvalho, em sua Domingueira nº 468, publicada no site do Idisa.

Fonte: http://www.cebes.org.br/

Abaixo assinado - Gastão Wagner de Sousa Campos - II

Por meio desta, viemos manifestar nossa profunda indignação pelas acusações que têm como alvo Gastão Wagner de Sousa Campos.
Gastão Wagner possui uma vasta trajetória profissional no campo da Saúde Coletiva, da qual podemos dizer que, o denominador comum em todos esses anos de árduo trabalho, é a defesa do espaço público em prol de sua transformação: colocar-se ao serviço da Defesa da Vida.
Ativo construtor do Sistema Único de Saúde (SUS) desde os seus primórdios, sua constante preocupação como professor, pesquisador, sanitarista ou gestor foi a articulação da teoria e da prática em função da humanização da atenção, da democratização dos serviços de saúde, e da ativa participação e organização da sociedade para a defesa dos seus direitos e a solução dos problemas dos usuários do SUS. É por isto que, os que abaixo assinam, querem expressar total apoio e solidariedade a Gastão Wagner de Sousa Campos e exigimos que a justiça seja feita.

sábado, 22 de agosto de 2009

NOTA DE REPÚDIO MST - I

Abaixo está, na íntegra, a nota pública divulgada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como repúdio ao assassinato de Elton Brum. O trabalhador foi morto, pelas costas, por um tiro de espingarda calibre 12, disparado pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. A nota responsabiliza o governo de Yeda Crusius (PSDB – qualquer semelhança com o caso de Eldorado dos Carajás será mera coincidência!?), o Ministério Público Estadual e o Poder Judiciário, pelos acontecimentos em São Gabriel.

NOTA DE REPÚDIO MST - II


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público, manifestar novamente seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:
1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.
2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.
3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.
4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.
5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.
6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem público elogiar ação da Brigada Militar como profissional.
7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos. A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e a democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.
8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel.
Exigimos Justiça e Punição aos Culpados!
Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!
Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!

domingo, 16 de agosto de 2009

A nós a liberdade (Renné Clair - 1931)




O filme trata do trabalho estranhado, do amor e do ódio como sentimentos compreendidos social e politicamente aburguesados, colados à classe social em sua essência, determinada pelo Capital e por meio de atos políticos.
Está presente a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, o irracionalismo da sociedade do Capital que coloca o trabalho como uma força estranha, como os próprios sentimentos e ações do trabalhador diante de suas potencialidades humanas, que alienadas se dissolvem, mistificando a realidade.
O Terror, a prisão, a fuga, a perseguição, a vigilância e o medo, fazem parte de violência silenciosa e/ou declarada que é dirigida como forma de “liberdade” (necessária) para aniquilá-la (uma vez que a nega).
É pela opressão e pela exploração, partindo do grupo para o individual e ao mesmo tempo do individual para o grupal, compreendendo uma circularidade de transformações que reafirma a alienação em todos os níveis.
Frente aos conflitos entre burguesia e proletariado, existe uma reciprocidade dupla. Na luta, cada adversário é atomizado, embora se reconhecendo mutuamente, expressam uma fusão, mostrando, com isso, o caráter ontológico do poder centrado na dinâmica do Capital.
O poder exercido tanto pelo patrão quanto pelo trabalhador/operário é para garantir a (re)produção política, econômica e social, intensificando o poder das instituições e do enclausuramento disciplinar.
Tanto faz de que lado se encontra o “poder maior”, porque na relação de dominação pelo poder despótico do Capital, acaba por se configurar uma “servidão voluntária”, constituindo-se a condição social como artimanha para os discursos alienantes, justificando, instaurando e simbolizando uma modalidade diferente de sociedade, a sociedade pré-moderna cm máquinas, instrumentos, cada vez mais lucrativos.
Percebe-se a razão e a ciência como objetos de exploração, transformando a natureza e os homens em apêndices, em objetos operacionalizados pelo mercado, fortalecendo a mais-valia pela modernização dos meios de produção, nos modos de administrar o trabalho nos meios de produção serializada.
É nesse processo de fetichização que se dá a inversão de valores, a subvalorização do homem, de sua dignidade, condenando-o a uma relação perversa com a natureza. Contemplando-a como exterior e vendo no trabalho penoso a servidão do corpo às máquinas, representantes “legítimas” do ideal de conquista da liberdade na sociedade totalizante. Ai reside a felicidade fantasiosa porque é diante da necessidade que reside o desejo de produzir. Essa é a lógica do progresso no Capital.
René Clair mostra o caráter histórico das necessidades humanas produzidas na sociedade e coloca a possibilidade para a transformação. Suas personagens principais são párias, perseguidos, explorados, minorias empobrecidas e discriminadas, sendo suas necessidades o desejo de por fim às suas condições e às instituições nas quais estão mergulhados. Nesse contexto, as regras do jogo são violadas, descortina-se a trapaça do jogo, as inquietações, o mal-estar no mundo do trabalho.
René Clair mostra como a sociedade industrial fabrica a ideologia das angústias no processo de produção, gerando necessidades cada vez maiores, ao mesmo tempo em que oferece “possibilidades” para a sua “satisfação”, que nunca devem cessar. Tanto os operários, quanto os patrões mantêm interesses do establishment como forma de atingir a “liberdade”/”felicidade”. Ele mostra as necessidades humanas falseadas, a liberdade desvalorizada e pervertida.
Como em tempos modernos, o autor nos mostra a perversão da sociedade industrial, a falsa ideologia do progresso, o trabalho estranhado, os sentimentos e emoções a felicidade e a liberdade, falseados e metamorfoseados em mercadorias.

sábado, 15 de agosto de 2009

Isso é o que os canalhas chamam de "ditabranda" - I


"A possibilidade de o outro ter direito é a alma da hermenêutica"
Hans Georg Gadamer

terça-feira, 4 de agosto de 2009

CONTRA A BANALIZAÇÃO DO SOFRIMENTO MENTAL



Como psicólogo, eu poderia me arvorar em falar sobre esquizofrenia. Não. Ser psicólogo, por si só, não me dá essa autoridade!!! Nem quero tê-la, como tantos que usufruem dessa prerrogativa pra falar sobre esse e tantos outros assuntos... tenho ouvido cada aberração!!! Só pra termos uma idéia, dia desses, ouvi um jargão pra além do “família desestruturada”. Ouvi alguém usar: “família inestruturada...” E não me perguntem o que os dois jargões querem dizer!!! Sai de perto antes de ouvir a suposta explicação... Mas não é sobre isso que eu quero falar. Quero falar, como já disse... Aliás, como eu não disse, sobre a banalização do sofrimento mental, agora presente no espaço midiático. Dia desses percebi o quanto a mídia, pelo menos parte dela, faz uso do suposto poder que possui para banalizar o sofrimento mental... constantemente veiculado por certos grupos midiáticos brasileiros (o mais recente é a rede globo) que, com o discurso de popularizar a discussão sobre o assunto (esquizofrenia, por exemplo), também permite que um de seus programas faça chacotas acerca desse mesmo sofrimento... as cenas se repetem sempre às terças-feiras, por ocasião do programa Casseta e Planeta. Nele, seus idealizadores e “chacoteiros” utilizam a mesma cena que foi ao ar minutos antes para promoverem uma barbárie contra o sofrimento mental alheio e propagar a idéia de segregação àqueles que são acometidos por esse sofrimento. Dessa forma, esse espaço midiático demonstra, mais uma vez, uma postura de segregação frente à sociedade de modo geral, e tenta padronizar um modo de ser e estar nela que não corresponde à realidade vivida por todos nós. Precisamos de uma saída desse espaço sombrio, representado por essa mídia de interesses globalizantes e, portanto, padronizadora de comportamentos e atitudes. Também demonstra ir de encontro a toda história do Movimento de Luta Antimanicomial, com suas prerrogativas em defesa da vida e da liberdade daqueles a quem defende.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Juvêncio Arruda

Faleceu ontem, 13/07, o camarada Juvêncio Arruda, também conhecido por Juca... Juvêncio foi aluno da primeira turma do Mestrado em Ciência Política (UFPA) onde se destacou por seus posicionamentos durante os debates lá ocorridos. Idealizador do Blog intitulado 5ª emenda, onde discutia assuntos relacionados à mídia, política e cultura, também demarcou espaço por ter opiniões perspicazes que o fazia ser lido por uma parcela significativa de internautas que frequentam os blogs.
Segue, abaixo, nota publicada no 5ª emenda, às 15:59h. de ontem (13/07):

"Prezados amigos, irmãos, companheiros e todos que acompanharam Juvêncio Arruda em suas andanças pelo 5ª Emenda e por tantos outros lugares. Não temos palavras para expressar nossa dor. No início da tarde desta segunda,13 de julho, nosso querido Juca se foi. Ele, que nunca fugiu do bom combate, de uma discussão acalorada, de uma farta gargalhada e nem de estar na presença de quem amava e admirava, hoje nos deixou. Seu velório acontece na Beneficente Portuguesa, em Belém a partir das 19h. O enterro será amanhã, no Cemitério de Santa Isabel, saindo da Beneficente Portuguesa às 10h."
Marise, Joyce, Lívia, Lygia, Lucas, Silvia, Ângela, Marcelo, Mirtes e Wilson.

Deixo meu pesar a todos os seus familiares e o sentimento de perda a toda categoria blogueira... Juvêncio, camarada... "a nós a liberdade!!!"

domingo, 14 de junho de 2009

Aprisionamento



Entrada de
Emergência.


Sorria. Você está sendo filmado.


Carro com cofre
chave na garagem.


Bata antes
de entrar.

Mantenha a
porta fechada.


Ao sair, apague
as luzes.


Não fale com
Motorista.


Em caso de emergência...

BBB
Big Brother Brasil.


Não entre sem permissão.


Desculpe o transtorno.

Estamos trabalhando...


Vigilância
24 horas.

Escapamento






Saída
de emergência


O transtorno não precisa de desculpa!

Ao entrar, acenda
as luzes


Entre sem
bater


BBB
Big Bye Bye


Cofre com chave.
Mas sem carro

Fale com motorista.
Mas não quando
à direção

Entre
sem permissão


Mantenha a
porta aberta


Filme você
mesmo


Cariocas não gostam de sinal fechado.

Entrada e saída
de cadáveres

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eu e Bourdieu

Hoje eu estive com Bourdieu. É, com Pierre Bourdieu. Eminente sociólogo francês, catedrático de sociologia no Colége de France e autor de uma sofisticada teoria dos campos de produção simbólica. Ele procura mostrar que as relações de força entre os agentes sociais apresentam-se sempre na forma transfigurada de relações de sentido... Nossa conversa, muito mais um monólogo onde quase apenas ele falava, girou em torno de como as empresas, por ele chamadas de agentes e definidas pelo seu volume e capital específico, determinam a estrutura de campo que, por sua vez, as determina. E como o peso de um agente (empresa) depende, nesse campo, do volume e da estrutura do capital próprio, nas suas diferentes formas: capital financeiro, tecnológico, comercial, social e simbólico.

Chegamos juntos a uma daquelas filas formadas por trabalhadores sem emprego, mas não sem trabalho, que se amontoam esperando para “dar entrada no seguro desemprego” e que têm de chegar algumas horas antes dos trabalhadores empregados com inseguro emprego!!! começarem a atendê-los, com senhas nas mãos e tudo o mais de ritual institucional aí envolvido, do tipo: “você trouxe seus três últimos contra-cheques?” (experimente dizer que não!!! E lá se vão aquelas horas em pé na fila e que antecederam esse momento – muitas vezes de puro gozo (in)consciente? do inseguro trabalhador empregado). A menos que você tenha argumento (carteira de trabalho com todas as anotações devidas – alteração de salário - se é que o seu patrão se prestou a essa rigorosidade da Lei...), e saiba que isso é um argumento...

Diante disso tudo, alguns outros fatores contribuíram para que Bourdieu continuasse em seu quase monólogo. Um dos que mais chamou minha atenção foi o fato de estarmos em uma fila formada em um bairro nobre da cidade, ao lado de um dos colégios mais tradicionais da cidade das mangueiras. Não, desculpem-me!!! O que chamou a minha atenção foi como os alunos daquele colégio, sós ou acompanhados de seus responsáveis (a maioria após ter descido de seus carros, levando suas mochilas provavelmente abarrotadas de leituras que um dia se transformarão em Bourdieu ou em outro teórico mais contemporâneo) e as outras pessoas, passavam por nós (não apenas eu e Bourdieu), mas todos os outros trabalhadores ali postados. Ao passarem exibiam aquele caráter blasé comentado por George Simmel em sua “as grandes cidades e a vida do espírito”, e que é próprio de sujeitos atomizados. Eu estive lá e não pude apresentar Bourdieu a eles (aos trabalhadores). Acho que eles não entenderiam a minha intenção, boa... e “de boa intenção o inferno está cheio”, diz o ditado. Nem a intenção de Bourdieu, seja lá o que quer que ele falasse... Deixei Bourdieu para o dia seguinte, para a aula de sociologia econômica... Lá, ele teria a atenção devida e, com a mediação das diversas falas, incluindo a minha, talvez aquilo sobre o que conversávamos (ou melhor, sobre o que ele tentava me dizer) encontrasse ressonância em mim mesmo e naquela realidade por nós experienciada hoje pela manhã. Afinal de contas, Bourdieu* também pensou sobre esse tipo de relações sociais e como elas se imbricam na luta pelo poder e definem as classes interpostas no campo.

Mas vi no rosto e na expressão de muitos daqueles trabalhadores que buscavam um desemprego seguro, a vergonha de estarem ali, naquela situação. E em alguns mais, também vi um olhar de quase revolta por estarem sendo quase afrontados por aqueles cujo caráter blasé se apresentavam à nossa volta.


* Pierre Bourdieu morreu na noite do dia 23 de Janeiro de 2002, num hospital de Paris, aos 71 anos de idade.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Poetizando

Poesia
Poética
Poetisa
poeta


Poetizar
Poetizando
Poetivivendo
Poeticontemplando



Poetirepresentando

Poetidizendo

Poetiadorando

Poeticontemplando

Poetieducando

Poeticonvivendo

Poetichamar

Poetichorar


Poetibrincar

Poetijogar

Poetisorrir

Poeticorrer

Poetilembrar

Poetiesquecer

Poetidormir

Poetiacordar

Poeticonscientizar

Poetipreservar

Poetipensar

Poetiecologizar

segunda-feira, 18 de maio de 2009



Um dia eu ouvi alguém dizer:
- vá e deixe a poesia brotar
Ouvi também este alguém dizer:
- Você tem poesia, por isso deixe-a desabrochar
Ouvi dizer, este alguém, também:
- Pegue caneta e papel, ou um gravador e comece a meditar
Este alguém, ouvi também dizer:
- Na rua, em casa, em qualquer lugar
Também ouvi este alguém dizer:
- Leia outras poesias e você conseguirá
Este alguém, também ouvi dizer:
- Revolte-se, denuncie, não se contente, saia do seu lugar
Também este alguém ouvi dizer:
- Use metáforas, hipérboles, onomatopéias e toda a sorte de figuras de linguagem
Ele me disse:
- Admire-se com o cotidiano, com o simples; com a vida...
- Importe-se com a vida, e produza vida.
- Mas acima de tudo, compartilhe sua vida. Ele me disse.

E aqui estou eu compartilhando a minha
Vida / veia poesia
Veia / vida prosa
Veia / vida poema
Vida / veia verso
E tantas outras vidas / veias
por onde transbordam e escapam
o que há de mais original em mim,
Vida / veia...

domingo, 17 de maio de 2009

Trabalho


trabalho há tempos, desde lá sei quando... e às vezes fico pensando o quanto trabalho pode valer pra mim e pra gente. Penso que pode valer muitas coisas. Pra ele, pode valer uma vida. Pra ela, pode valer uma vida e mais tantas outras. Pra gente, pode valer outras tantas e pra tantas outras, pode valer muitas e muitas... E, ainda pra poucos, pode valer muito pouco, não mais do que uma forma de não ver: ele, ela, a gente e tantos outros. Mas tem algo que eu aprendi sobre o trabalho; na vida vivida no trabalho, ou foi na academia!? Difícil explicar, Mas quem se importa? Talvez eu tenha aprendido realmente na vida no trabalho e, depois, na vida da academia. Aprendi que trabalho transforma a vida. A minha vida, a vida dele e dela, a vida da gente e tantas outras (todas) vidas... Aprendi também que se o trabalho transforma a vida, aprendi que a vida também transforma o trabalho e assim eles acontecem entrelaçados (uma espécie de Vitradabalho). É agora, daqui a pouco, é hoje, amanhã, depois de amanhã e assim a vida e o trabalho, nessa relação, se (trans)formam. E agora, fico me perguntando: Mas que transformação mútua é essa que hoje parece muito mais uma (re)produção? Produção de bens utilitaristas e venais, vidas e trabalho vendáveis no mercado e que sustentam outras tantas vidas, dele e dela, da gente e de outras tantas que acabam sendo mortas a cada instante do aqui e agora, daqui a pouco, hoje, amanhã e depois de amanhã... e assim vai-se morrendo e matando e levando qualquer coisa de mim, dele e dela, da gente... E os poucos; aqueles poucos... não sei lá como eles adormecem sossegados esperando a próxima matança!!!

sábado, 16 de maio de 2009

Verso e Reverso






Verso
Verso, prosa
Prosa, poema, poesia
Poesia, forma, maneira, mania
Mania, moda, atitude,
Atitude, ser

O que são além de...

Sermos
Sermos, atitudes
Atitudes, modas, manias
Manias, maneiras, formas, poesias
Poesias, poemas, prosas
Prosas, versos,
Versos
!?Reversos e Versos!?