sábado, 29 de agosto de 2009

Abaixo Assinado - Gastão Wagner de Sousa Campos - I

Apoio a Gastão Wagner

Em Campinas (3/6), 250 pessoas compareceram ao ato público em defesa de Gastão Wagner, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), arrolado injustamente em processos civis e criminais pela aquisição de materiais permanentes quando secretário-executivo do Ministério da Saúde (MS), por meio de convênios celebrados com entidades de saúde, cujos recursos estavam atrelados a emendas parlamentares e repassados regular e legalmente pelo MS, mas executados ilicitamente pelas entidades receptoras. "Foi um momento de grande emoção pois, além das pessoas presentes ao ato, centenas de mensagens de apoio foram encaminhadas ao Gastão e aplaudidas publicamente", informa o sanitarista Gilson Carvalho, em sua Domingueira nº 468, publicada no site do Idisa.

Fonte: http://www.cebes.org.br/

Abaixo assinado - Gastão Wagner de Sousa Campos - II

Por meio desta, viemos manifestar nossa profunda indignação pelas acusações que têm como alvo Gastão Wagner de Sousa Campos.
Gastão Wagner possui uma vasta trajetória profissional no campo da Saúde Coletiva, da qual podemos dizer que, o denominador comum em todos esses anos de árduo trabalho, é a defesa do espaço público em prol de sua transformação: colocar-se ao serviço da Defesa da Vida.
Ativo construtor do Sistema Único de Saúde (SUS) desde os seus primórdios, sua constante preocupação como professor, pesquisador, sanitarista ou gestor foi a articulação da teoria e da prática em função da humanização da atenção, da democratização dos serviços de saúde, e da ativa participação e organização da sociedade para a defesa dos seus direitos e a solução dos problemas dos usuários do SUS. É por isto que, os que abaixo assinam, querem expressar total apoio e solidariedade a Gastão Wagner de Sousa Campos e exigimos que a justiça seja feita.

sábado, 22 de agosto de 2009

NOTA DE REPÚDIO MST - I

Abaixo está, na íntegra, a nota pública divulgada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como repúdio ao assassinato de Elton Brum. O trabalhador foi morto, pelas costas, por um tiro de espingarda calibre 12, disparado pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul. A nota responsabiliza o governo de Yeda Crusius (PSDB – qualquer semelhança com o caso de Eldorado dos Carajás será mera coincidência!?), o Ministério Público Estadual e o Poder Judiciário, pelos acontecimentos em São Gabriel.

NOTA DE REPÚDIO MST - II


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público, manifestar novamente seu pesar pela perda do companheiro Elton Brum, manifestar sua solidariedade à família e para:
1. Denunciar mais uma ação truculenta e violenta da Brigada Militar do Rio Grande do Sul que resultou no assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já encontrava-se controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas.
2. Denunciar que além da morte do trabalhador sem terra, a ação resultou ainda em dezenas de feridos, incluindo mulheres e crianças, com ferimentos de estilhaços, espadas e mordidas de cães.
3. Denunciamos a Governadora Yeda Crusius, hierarquicamente comandante da Brigada Militar, responsável por uma política de criminalização dos movimentos sociais e de violência contra os trabalhadores urbanos e rurais. O uso de armas de fogo no tratamento dos movimentos sociais revela que a violência é parte da política deste Estado. A criminalização não é uma exceção, mas regra e necessidade de um governo impopular e a serviço de interesses obscuros, para manter-se no poder pela força.
4. Denunciamos o Coronel Lauro Binsfield, Comandante da Brigada Militar, cujo histórico inclui outras ações de descontrole, truculência e violência contra os trabalhadores, como no 8 de março de 2008, quando repetiu os mesmos métodos contra as mulheres da Via Campesina.
5. Denunciamos o Poder Judiciário que impediu a desapropriação e a emissão de posse da Fazenda Antoniasi, onde Elton Brum seria assentado. Sua vida teria sido poupada se o Poder Judiciário estivesse a serviço da Constituição Federal e não de interesses oligárquicos locais.
6. Denunciamos o Ministério Público Estadual de São Gabriel que se omitiu quando as famílias assentadas exigiam a liberação de recursos já disponíveis para a construção da escola de 350 famílias, que agora perderão o ano letivo, e para a saúde, que já custou a vida de três crianças. O mesmo MPE se omitiu no momento da ação, diante da violência a qual foi testemunha no local. E agora vem público elogiar ação da Brigada Militar como profissional.
7. Relembrar à sociedade brasileira que os movimentos sociais do campo tem denunciado há mais de um ano a política de criminalização do Governo Yeda Crusius à Comissão de Direitos Humanos do Senado, à Secretaria Especial de Direitos Humanos, à Ouvidoria Agrária e à Organização dos Estados Americanos. A omissão das autoridades e o desrespeito da Governadora à qualquer instituição e a democracia resultaram hoje em uma vítima fatal.
8. Reafirmar que seguiremos exigindo o assentamento de todas as famílias acampadas no Rio Grande do Sul e as condições de infra-estrutura para a implantação dos assentamentos de São Gabriel.
Exigimos Justiça e Punição aos Culpados!
Por nossos mortos, nem um minuto de silêncio. Toda uma vida de luta!
Reforma Agrária, por justiça social e soberania popular!

domingo, 16 de agosto de 2009

A nós a liberdade (Renné Clair - 1931)




O filme trata do trabalho estranhado, do amor e do ódio como sentimentos compreendidos social e politicamente aburguesados, colados à classe social em sua essência, determinada pelo Capital e por meio de atos políticos.
Está presente a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, o irracionalismo da sociedade do Capital que coloca o trabalho como uma força estranha, como os próprios sentimentos e ações do trabalhador diante de suas potencialidades humanas, que alienadas se dissolvem, mistificando a realidade.
O Terror, a prisão, a fuga, a perseguição, a vigilância e o medo, fazem parte de violência silenciosa e/ou declarada que é dirigida como forma de “liberdade” (necessária) para aniquilá-la (uma vez que a nega).
É pela opressão e pela exploração, partindo do grupo para o individual e ao mesmo tempo do individual para o grupal, compreendendo uma circularidade de transformações que reafirma a alienação em todos os níveis.
Frente aos conflitos entre burguesia e proletariado, existe uma reciprocidade dupla. Na luta, cada adversário é atomizado, embora se reconhecendo mutuamente, expressam uma fusão, mostrando, com isso, o caráter ontológico do poder centrado na dinâmica do Capital.
O poder exercido tanto pelo patrão quanto pelo trabalhador/operário é para garantir a (re)produção política, econômica e social, intensificando o poder das instituições e do enclausuramento disciplinar.
Tanto faz de que lado se encontra o “poder maior”, porque na relação de dominação pelo poder despótico do Capital, acaba por se configurar uma “servidão voluntária”, constituindo-se a condição social como artimanha para os discursos alienantes, justificando, instaurando e simbolizando uma modalidade diferente de sociedade, a sociedade pré-moderna cm máquinas, instrumentos, cada vez mais lucrativos.
Percebe-se a razão e a ciência como objetos de exploração, transformando a natureza e os homens em apêndices, em objetos operacionalizados pelo mercado, fortalecendo a mais-valia pela modernização dos meios de produção, nos modos de administrar o trabalho nos meios de produção serializada.
É nesse processo de fetichização que se dá a inversão de valores, a subvalorização do homem, de sua dignidade, condenando-o a uma relação perversa com a natureza. Contemplando-a como exterior e vendo no trabalho penoso a servidão do corpo às máquinas, representantes “legítimas” do ideal de conquista da liberdade na sociedade totalizante. Ai reside a felicidade fantasiosa porque é diante da necessidade que reside o desejo de produzir. Essa é a lógica do progresso no Capital.
René Clair mostra o caráter histórico das necessidades humanas produzidas na sociedade e coloca a possibilidade para a transformação. Suas personagens principais são párias, perseguidos, explorados, minorias empobrecidas e discriminadas, sendo suas necessidades o desejo de por fim às suas condições e às instituições nas quais estão mergulhados. Nesse contexto, as regras do jogo são violadas, descortina-se a trapaça do jogo, as inquietações, o mal-estar no mundo do trabalho.
René Clair mostra como a sociedade industrial fabrica a ideologia das angústias no processo de produção, gerando necessidades cada vez maiores, ao mesmo tempo em que oferece “possibilidades” para a sua “satisfação”, que nunca devem cessar. Tanto os operários, quanto os patrões mantêm interesses do establishment como forma de atingir a “liberdade”/”felicidade”. Ele mostra as necessidades humanas falseadas, a liberdade desvalorizada e pervertida.
Como em tempos modernos, o autor nos mostra a perversão da sociedade industrial, a falsa ideologia do progresso, o trabalho estranhado, os sentimentos e emoções a felicidade e a liberdade, falseados e metamorfoseados em mercadorias.

sábado, 15 de agosto de 2009

Isso é o que os canalhas chamam de "ditabranda" - I


"A possibilidade de o outro ter direito é a alma da hermenêutica"
Hans Georg Gadamer

terça-feira, 4 de agosto de 2009

CONTRA A BANALIZAÇÃO DO SOFRIMENTO MENTAL



Como psicólogo, eu poderia me arvorar em falar sobre esquizofrenia. Não. Ser psicólogo, por si só, não me dá essa autoridade!!! Nem quero tê-la, como tantos que usufruem dessa prerrogativa pra falar sobre esse e tantos outros assuntos... tenho ouvido cada aberração!!! Só pra termos uma idéia, dia desses, ouvi um jargão pra além do “família desestruturada”. Ouvi alguém usar: “família inestruturada...” E não me perguntem o que os dois jargões querem dizer!!! Sai de perto antes de ouvir a suposta explicação... Mas não é sobre isso que eu quero falar. Quero falar, como já disse... Aliás, como eu não disse, sobre a banalização do sofrimento mental, agora presente no espaço midiático. Dia desses percebi o quanto a mídia, pelo menos parte dela, faz uso do suposto poder que possui para banalizar o sofrimento mental... constantemente veiculado por certos grupos midiáticos brasileiros (o mais recente é a rede globo) que, com o discurso de popularizar a discussão sobre o assunto (esquizofrenia, por exemplo), também permite que um de seus programas faça chacotas acerca desse mesmo sofrimento... as cenas se repetem sempre às terças-feiras, por ocasião do programa Casseta e Planeta. Nele, seus idealizadores e “chacoteiros” utilizam a mesma cena que foi ao ar minutos antes para promoverem uma barbárie contra o sofrimento mental alheio e propagar a idéia de segregação àqueles que são acometidos por esse sofrimento. Dessa forma, esse espaço midiático demonstra, mais uma vez, uma postura de segregação frente à sociedade de modo geral, e tenta padronizar um modo de ser e estar nela que não corresponde à realidade vivida por todos nós. Precisamos de uma saída desse espaço sombrio, representado por essa mídia de interesses globalizantes e, portanto, padronizadora de comportamentos e atitudes. Também demonstra ir de encontro a toda história do Movimento de Luta Antimanicomial, com suas prerrogativas em defesa da vida e da liberdade daqueles a quem defende.